Mostrando postagens com marcador reforma íntima. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador reforma íntima. Mostrar todas as postagens

sábado, 31 de março de 2018

A ÚLTIMA CEIA

O Significado Espiritual da Páscoa

O Significado Espiritual da Páscoa

A celebração da Páscoa carrega consigo um profundo significado tanto para a tradição cristã católica quanto para a tradição judaica. Para compreendermos melhor este momento histórico, é fundamental explorarmos como estas duas tradições se entrelaçam em um período crucial da história religiosa.

A Celebração Católica

Na tradição católica, a Semana Santa representa um período de intensa devoção e reflexão espiritual. Durante este tempo sagrado, os fiéis revivem os momentos fundamentais da fé cristã: a Paixão, a Morte e, no ápice das celebrações, a Ressurreição de Jesus Cristo. O Domingo de Páscoa emerge como o ponto culminante destas celebrações, trazendo consigo uma mensagem poderosa de esperança e renovação, simbolizada pela vitória da vida sobre a morte.

O Significado da Páscoa Judaica

Para compreendermos o contexto histórico completo, é essencial reconhecermos que a Páscoa judaica, ou Pessach, representa um marco fundamental na história do povo hebreu. Esta celebração comemora um momento decisivo: a libertação do povo judeu após quatrocentos anos de escravidão no Egito. É particularmente significativo observar que os eventos finais da vida terrena de Jesus coincidiram precisamente com este período festivo judaico.

Jerusalém: Centro das Celebrações

Jerusalém, naquele período, ocupava uma posição central na vida religiosa judaica. O majestoso Templo de Salomão, localizado no coração da cidade, servia como epicentro das principais cerimônias religiosas. Durante o período pascal, que se estendia por oito dias, a cidade santa transformava-se em um verdadeiro centro de peregrinação, recebendo fiéis de todas as partes da Palestina.

Jesus em Betânia

Em meio a este cenário de intensa movimentação religiosa em Jerusalém, encontramos Jesus em um momento particularmente tocante de sua jornada. Embora as celebrações pascais estivessem em curso na cidade santa, ele havia se dirigido a Betânia, atendendo ao chamado urgente de duas amigas próximas, Marta e Maria, cujo irmão Lázaro encontrava-se gravemente enfermo.

Como registrado no Evangelho de João, capítulos 11, versículos 1-3 e 39, quando Jesus finalmente chegou a Betânia, deparou-se com uma situação ainda mais grave do que a inicialmente reportada: Lázaro já havia falecido e seu corpo jazia no sepulcro há quatro dias, em estado de decomposição.

O Milagre de Lázaro

Em um dos episódios mais extraordinários registrados nas escrituras, Jesus realiza o que viria a ser considerado seu milagre mais notável. Diante de numerosas testemunhas, com uma autoridade que emanava de sua própria natureza divina, Jesus ordenou com voz potente:

"Lázaro, sai para fora!"(João 11:43)

O impacto deste acontecimento foi imenso, provocando profunda comoção entre os presentes. A ressurreição de Lázaro representou um marco sem precedentes na história, e a notícia deste fenômeno extraordinário disseminou-se rapidamente por toda a Palestina, atraindo multidões que se dirigiam a Betânia para testemunhar pessoalmente o milagre.

A Entrada Triunfal em Jerusalém

O retorno de Jesus a Jerusalém durante as festividades pascais transformou-se em um momento de singular grandiosidade. A cidade, já repleta de peregrinos para as celebrações da Páscoa, foi tomada por uma atmosfera de júbilo extraordinário quando se espalhou a notícia de sua aproximação (João 12:12). O povo, movido por intensa emoção e reconhecimento, criou um cenário de celebração única: ramos de palmeiras foram dispostos ao chão, formando um tapete verde natural, enquanto hinos e salmos ecoavam pelas ruas da cidade santa.

O Simbolismo da Entrada Real

A forma como Jesus escolheu entrar em Jerusalém carregava um profundo significado simbólico. Diferentemente dos reis da época, que costumavam fazer suas entradas triunfais montados em cavalos imponentes após vitórias militares, Jesus optou por um jumento como sua montaria. Esta escolha não foi casual - representava a natureza singular de sua realeza. Como Príncipe da Paz, sua entrada humilde simbolizava que seu reino transcendia as conquistas terrenas, fundamentando-se nos princípios eternos do amor e da paz.

A Conspiração e os Preparativos para a Última Ceia

Em meio à exaltação popular, uma trama sombria se desenvolvia nos bastidores. Os fariseus, que já haviam decidido pela morte de Jesus (João 11:53-57), aguardavam um momento oportuno para efetuar sua captura, longe dos olhos do povo que o adorava. Jesus, plenamente consciente de sua situação e sabendo que seu tempo estava próximo (João 11:1), nutria um desejo especial de compartilhar uma última ceia pascal com seus discípulos (Lucas 22:11).

O Homem do Cântaro

Em um episódio marcado por elementos misteriosos, Jesus enviou Pedro e João com instruções precisas: deveriam encontrar, às portas da cidade, um homem carregando um cântaro. Esta figura enigmática, cujo nome permanece desconhecido nos registros evangélicos, seria o providencial anfitrião da última ceia. Conforme narrado em Lucas 22:8-13, este homem, em um gesto de generosa hospitalidade, disponibilizou sua casa para que Jesus e seus discípulos realizassem a sagrada celebração pascal.

A Promessa do Consolador

Durante a última ceia, Jesus compartilhou com seus discípulos uma promessa significativa que geraria diferentes interpretações ao longo da história. Nas palavras registradas no Evangelho de João, capítulos 14:15-26, Jesus anunciou a vinda de outro Consolador, uma presença que permaneceria com seus seguidores eternamente. Este momento crucial das escrituras merece uma análise cuidadosa em seu contexto histórico e espiritual.

O Consolador

Na perspectiva da doutrina espírita, este anúncio feito por Jesus representa um marco fundamental. O espiritismo, codificado por Allan Kardec no século XIX, é interpretado como a materialização desta promessa feita na última ceia. Segundo esta compreensão, assim como Moisés recebeu os Dez Mandamentos diretamente dos céus, Kardec teria sido escolhido como instrumento para sistematizar e codificar os ensinamentos transmitidos por entidades espirituais através de diversos médiuns.

O Espiritismo como Chave Interpretativa

A doutrina espírita propõe uma nova perspectiva para a compreensão dos ensinamentos cristãos. De acordo com esta visão, muitas das passagens que parecem enigmáticas nos textos sagrados encontram explicação mais clara através dos princípios espíritas. Esta interpretação sugere que, na época de Jesus, a humanidade ainda não possuía o desenvolvimento intelectual e científico necessário para compreender plenamente todos os ensinamentos transmitidos.

A Codificação Espírita

O desenvolvimento da doutrina espírita materializou-se através de cinco obras fundamentais: "O Livro dos Espíritos", "A Gênese", "O Livro dos Médiuns", "O Céu e o Inferno" e "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Segundo os adeptos desta doutrina, estas obras representam uma revelação progressiva, possível apenas quando a humanidade alcançou um nível adequado de desenvolvimento filosófico e científico para compreender os ensinamentos mais profundos do Cristo.

O Legado do Amor na Última Ceia

Durante a última ceia, Jesus transmitiu aos seus discípulos um dos ensinamentos mais profundos e transformadores: a supremacia do amor como virtude fundamental para a evolução espiritual. Este momento singular estabeleceu um novo paradigma na compreensão do amor divino, transcendendo a antiga máxima de "amar ao próximo como a si mesmo" para um patamar ainda mais elevado.

A Dimensão do Amor Cristão

Jesus estabeleceu um novo parâmetro quando declarou: "Amai-vos uns aos outros. Não apenas como amais a vós mesmos, mas amai-vos ainda mais, como eu vos amei" (João 13:34). Esta afirmação revolucionária define a verdadeira identidade de seus discípulos: seriam reconhecidos não por sinais externos ou rituais, mas pela extraordinária capacidade de amar incondicionalmente.

A Epístola do Amor

O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, elaborou uma das mais belas e profundas reflexões sobre o amor já registradas. Sua mensagem, que atravessou séculos inspirando gerações, revela que mesmo os dons mais extraordinários - seja o dom das línguas, da profecia ou uma fé capaz de mover montanhas - tornam-se vazios sem a presença do amor. Esta passagem bíblica transcendeu sua origem religiosa para se tornar uma reflexão universal sobre a natureza do amor verdadeiro.

O Amor Universal na Perspectiva Espiritual

A narrativa apresentada no livro "Paulo e Estevão", psicografado por Chico Xavier e atribuído ao espírito Emmanuel, oferece uma perspectiva profunda sobre a universalidade do amor divino. Na cena final, quando Jesus, acompanhado de Estevão, encontra o espírito de Paulo após seu desencarne, revela-se uma verdade fundamental: no reino de Deus, verdugos e mártires são chamados à união eterna, ilustrando a natureza incondicional do amor divino.

O Serviço como Expressão do Amor

Na mesma última ceia, quando os discípulos discutiam sobre quem seria o maior no Reino de Deus (Lucas 22:24-27), Jesus apresentou um princípio revolucionário: a verdadeira grandeza espiritual se manifesta através do serviço ao próximo. O ato de servir torna-se, assim, a expressão prática do amor, formando com ele um binômio inseparável na jornada evolutiva do espírito.

A União dos Verbos Transformadores

Os verbos "amar" e "servir" emergem, assim, como as duas faces de uma mesma moeda espiritual. Não existe amor verdadeiro sem serviço, nem serviço autêntico sem amor. Esta conjugação representa o caminho para a elevação espiritual, conduzindo o ser humano em sua jornada rumo à angelitude.

A Dinâmica Psicológica da Última Ceia

A última ceia revelou-se como um momento de profunda significância psicológica, especialmente através dos episódios envolvendo Pedro e Judas. Estes eventos transcendem o mero registro histórico, representando arquétipos universais que habitam a psique humana. O modo como Jesus conduziu este momento demonstra uma sofisticada abordagem terapêutica, buscando trazer à consciência aspectos sombrios que necessitavam de reconhecimento e transformação.

O Processo de Despertar de Judas

A interação entre Jesus e Judas durante a última ceia revela uma dimensão particularmente profunda da pedagogia divina. Jesus, percebendo as perturbações psíquicas de seu discípulo, atuou como um mestre compassivo, empenhando-se em proporcionar uma última oportunidade de despertar espiritual. O momento culminante desta intervenção ocorreu quando Jesus, através do gesto simbólico do pão (João 13:26), tornou manifesta a iminente traição.

A Questão do Livre-Arbítrio

A frase pronunciada por Jesus a Judas - "Faça logo o que você tem que fazer" (João 13:27) - tem sido objeto de diversas interpretações ao longo da história. Contudo, é fundamental compreender que esta não representava uma determinação do destino, mas sim um chamado à consciência. Ninguém vem ao mundo com a missão de praticar atos negativos; a verdadeira missão de cada ser humano consiste na superação de suas próprias limitações e na transformação de padrões comportamentais inadequados herdados de experiências anteriores.

As Motivações de Judas

A complexidade do comportamento de Judas revela-se em sua profunda conexão com as ilusões materiais. Sua visão estava limitada por expectativas terrenas, acreditando que a entrega de Jesus ao Sinédrio desencadearia uma revolução política que resultaria na libertação do povo judeu. Esta interpretação equivocada foi possivelmente reforçada pela recente aclamação popular de Jesus em Jerusalém (João 12:13), onde a multidão o reconheceu como rei dos judeus.

O Propósito Divino da Experiência

A trajetória de Judas junto a Jesus durante todo seu ministério representa uma oportunidade extraordinária de evolução espiritual. Tendo recebido diretamente da fonte mais pura os ensinamentos espirituais, Judas encontrava-se diante do momento decisivo de sua jornada evolutiva. Sua experiência serve como um poderoso lembrete de que cada ser humano tem a responsabilidade de transformar sua perspectiva em relação ao mundo e a si mesmo.

O Reflexo Universal da Experiência de Judas

A narrativa de Judas representa um paradigma que transcende seu contexto histórico específico, servindo como um espelho para nossa própria jornada espiritual. Quando examinamos sua trajetória, percebemos que, assim como ele teve acesso direto aos ensinamentos de Jesus, muitos de nós também recebemos continuamente conhecimentos e experiências espirituais enriquecedoras. Esta analogia nos leva a uma reflexão profunda: de que maneira estamos aproveitando esse alimento espiritual para nossa transformação pessoal?

O Despertar da Consciência

A sabedoria antiga nos ensina que existem dois momentos cruciais em nossa existência: o dia em que nascemos e o dia em que descobrimos o porquê de nosso nascimento. Esta descoberta está intrinsecamente conectada ao processo de evolução espiritual, que só pode ser alcançado através de um profundo trabalho de autoconhecimento. Nesta jornada, Jesus permanece como o paradigma supremo, iluminando nosso caminho em direção ao aperfeiçoamento moral com seus ensinamentos atemporais.

A Urgência da Transformação

O momento presente nos convoca a uma transformação urgente e profunda. As ilusões materiais, por mais sedutoras que sejam, carregam em si a marca da transitoriedade. Quando investimos excessivamente em conquistas materiais, corremos o risco de nos desviar de nosso propósito essencial na Terra. O tempo, em sua inexorável marcha, nos lembra constantemente da importância de priorizar nosso crescimento espiritual.

A Inércia como Forma de Traição

Quando permanecemos inertes diante do chamado à evolução espiritual, praticamos uma forma sutil, porém significativa, de traição aos propósitos superiores de nossa existência. Esta inércia representa não apenas uma traição ao nosso projeto encarnatório, mas também aos ensinamentos fundamentais de Jesus, que constantemente nos convidam à renovação interior. A responsabilidade de agir e transformar-nos é individual e intransferível.

A Consciência do Tempo e sua Importância

A observação profunda de Chico Xavier sobre o maior tormento dos espíritos após a morte - a consciência do tempo perdido - ressoa como um alerta fundamental para todos nós. Esta perspectiva nos convida a uma reflexão séria sobre como estamos utilizando o precioso tempo de nossa existência terrena, lembrando-nos que cada momento presente é uma oportunidade única e irrecuperável para nossa evolução espiritual.

Conclusão: O Chamado à Transformação Interior

A jornada através dos eventos da última ceia e seus desdobramentos nos oferece muito mais que um simples registro histórico - representa um convite permanente à reflexão e à transformação. As lições extraídas destes acontecimentos transcendem o tempo e o espaço, permanecendo vivas e relevantes para cada geração que se dispõe a estudá-las e compreendê-las.

O exemplo de Jesus, sua sabedoria ao lidar com as fragilidades humanas e sua capacidade de transformar momentos de crise em oportunidades de crescimento, nos ensina que a verdadeira evolução espiritual requer coragem, determinação e, sobretudo, amor. Seja através da promessa do Consolador, da ênfase no amor e no serviço, ou das lições extraídas dos momentos de traição e negação, cada aspecto desta narrativa nos convida a um despertar mais profundo de nossa consciência espiritual.

Em última análise, somos todos chamados a realizar nossa própria transformação interior, aproveitando cada momento presente como uma oportunidade preciosa de crescimento. O tempo não espera, e a urgência desta transformação se faz cada vez mais presente em nossa jornada evolutiva. Que possamos, inspirados pelos ensinamentos eternos do Cristo, encontrar a coragem e a determinação necessárias para realizar essa transformação enquanto o tempo nos favorece.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

JESUS E O MOÇO RICO

O Encontro de Jesus com o Moço Rico - Uma Lição sobre Valores e Desapego

O Encontro de Jesus com o Moço Rico

Introdução

O encontro de Jesus com o moço rico, registrado em Mateus, 19:16 a 24; Lucas, 18:18 a 25; e, Marcos, 10:17 a 25, surge como um autêntico convite à reflexão acerca dos valores que escolhemos para serem o epicentro de nossas existências.

O Contexto Histórico do Encontro

De início, é digno de realce o gesto do jovem rico ao se dirigir ao encontro de Jesus. Estando ele na juventude e gozando de riqueza, pertencia à elite judaica. Em contrapartida, Jesus representava um homem do povo, circulando entre as fileiras da multidão composta por desfavorecidos, enfermos e indivíduos de reputação questionável.

Naquela época, não era frequente que um homem abastado se entrelaçasse com as massas. Ainda mais incomum era alguém de posição social proeminente, como o jovem rico, procurar o aconselhamento de um homem simples do povo.

Jesus enfrentou intensas críticas e oposições por interagir com aqueles marginalizados pela sociedade daquela época. Como resultado, indivíduos de classes sociais mais elevadas, intelectuais e eruditos evitariam buscar Jesus em público. Caso sentissem a necessidade íntima de se conectar com ele, seguindo o exemplo de Nicodemos, o doutor da lei, procurariam-no sob o manto da noite, buscando o encontro discreto a fim de minimizar a exposição.

O jovem rico, entretanto, transcende a barreira do preconceito e procura Jesus à luz do dia, revelando, por meio desse ato, a magnitude de conflitos e inquietações que carregava consigo.

O Diálogo Transformador

Ao se aproximar de Jesus, o moço lança imediatamente uma pergunta.

- Bom Mestre, que devo fazer para conseguir a vida eterna?

A pergunta visava a obter uma resposta que desvendasse o caminho para alcançar a paz interior. Afinal, é desafiador compreender por que um jovem rico estaria em busca do significado da vida eterna, a menos que estivesse à procura dessa serenidade profunda.

Jesus fixa o olhar no íntimo do jovem e, antes de responder, lhe esclarece: "Por que me chamas de bom? Não há bom senão um só, que é Deus."

Os Ensinamentos e a Resposta do Jovem

O Mestre recusa o título de bom e o redireciona para Deus, ilustrando que diante dos desafios do mundo, a busca primordial deve ser direcionada a Deus.

Logo após, Jesus responde ao jovem: "Se desejas alcançar a eternidade, observa os mandamentos: não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, não cometerás adultério, entre outros."

Entretanto, o jovem reage com surpresa, assegurando ter sempre obedecido aos mandamentos. E ele acrescenta, indagando: "O que mais me falta?"

O Desafio do Desapego

A pergunta evidencia que o jovem, apesar de cumprir os mandamentos conforme a tradição, não experimentava uma realização espiritual completa. Isso reflete uma realidade comum a muitos seres humanos, que mesmo dedicando-se ao estudo do evangelho e ao auxílio ao próximo, não conseguem alcançar a plenitude.

"Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me".

Ao escutar essas palavras, o jovem partiu com tristeza, pois detinha muitas posses. O chamado de Jesus representava uma demanda que ele não estava disposto a aceitar, pois sua afeição por suas posses era forte demais para abdicar delas.

A Mensagem Final

Disse, então, Jesus aos seus discípulos: "em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus. E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus".

Essas palavras frequentemente foram mal interpretadas, levando à crença de que Jesus estava condenando a riqueza e os bens materiais.

Contudo, é evidente pelo próprio contexto que Jesus não estava condenando a riqueza, uma vez que os próprios discípulos compreenderam isso e, consequentemente, questionaram: "Nesse caso, quem pode ser salvo?"

Se Jesus estivesse realmente condenando a riqueza, a pergunta dos discípulos — "Quem então poderá salvar-se?" — não faria sentido, especialmente considerando que eles eram pessoas de poucos recursos. O cerne da mensagem concentra-se no desapego dos bens terrenos, uma qualidade que tanto ricos quanto pobres podem cultivar.

Reflexões sobre o Materialismo Contemporâneo

A centralização dos interesses na posse de bens materiais levou a uma sociedade profundamente materialista e consumista, com um forte apego aos bens terrenos.

Esse apego aos bens materiais se manifesta de maneira óbvia em diversos momentos, inclusive nos momentos mais simples e cotidianos. Seja na satisfação e alegria ao adquirir novos objetos, na necessidade de exibi-los, ou mesmo na tristeza que surge ao perder um bem.

O materialismo também se evidencia nas ações humanas quando se empenha em múltiplas atividades com fins lucrativos, muitas vezes em detrimento do descanso e do convívio familiar, visando acumular recursos para concretizar um determinado desejo de consumo. Da mesma forma, se manifesta quando sentimentos negativos emergem diante da impossibilidade de adquirir o que se anseia.

Conclusão

O encontro entre Jesus e o jovem rico é um episódio repleto de convites de natureza espiritual.

O Mestre nos convida a sempre buscar Deus como solução para nossos conflitos; nos convida a empreender uma reforma íntima, eliminando as imperfeições morais que bloqueiam o desenvolvimento de virtudes genuínas; nos chama a praticar o desapego em relação aos bens materiais, e a nutrir valores espirituais, aprimorando nossas interações com os outros.

Isso porque o maior investimento que podemos realizar nesta encarnação reside no domínio dos sentimentos.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

A PORTA ESTREITA

A Porta Estreita - Reflexões sobre Transformação Moral e Autoconhecimento

A Porta Estreita: Um Caminho para a Transformação Moral

"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela" (Mateus 7:13)

O Contexto Histórico de Jerusalém

Na época de Jesus, o povo da Palestina, embora moralmente endurecido, mantinha uma forte adesão e compromisso com os preceitos religiosos presentes na Torá.

Devido a essa orientação, os judeus demonstravam uma profunda reverência pela cidade de Jerusalém, a capital religiosa do judaísmo, considerada sagrada e divina. Isso ocorria principalmente porque lá se encontrava construído o único templo onde eles deveriam adorar a Deus.

Nas datas religiosas, os judeus de toda a Palestina deixavam suas cidades e peregrinavam até a cidade sagrada de Jerusalém para celebrar as festas no templo.

As Portas de Jerusalém e Seu Significado

Naquela época, as cidades importantes eram fortificadas e cercadas por altos muros, destinados à sua defesa. O acesso às cidades era possível apenas através de portas ou portões.

Em Jerusalém, existiam doze portas, cada uma com um propósito específico. Havia uma porta pela qual o lixo da cidade era retirado, a porta central que era utilizada pelos peregrinos em dias de festa, uma porta pela qual os produtos eram trazidos para serem comercializados e, além destas, havia também a porta através da qual as ovelhas eram conduzidas para serem sacrificadas.

Naquela época, os judeus praticavam o sacrifício de animais como uma forma de expressar adoração a Deus. Como muitos judeus eram pastores de ovelhas, eles frequentemente utilizavam esses animais nos rituais sagrados. Durante os dias de festas religiosas, a venda de animais para sacrifício era abundante nas proximidades das portas da cidade.

Os animais destinados ao sacrifício só podiam entrar na cidade por uma porta específica, conhecida como a Porta das Ovelhas ou a Porta do Sacrifício. Essa porta permitia acesso direto à área posterior do templo e era estreita e pequena, tornando difícil a passagem de pessoas.

O Simbolismo da Porta Estreita

Jesus, então, utiliza a simbologia presente na imagem da Porta das Ovelhas, que era estreita e reservada para o sacrifício, para transmitir ensinamentos sobre o processo de transformação moral.

A porta é um elemento que define a fronteira entre dois espaços e possibilita a passagem de um para outro lado. Ninguém pode transpor uma porta sem se colocar em movimento.

A reforma íntima é um processo individual que requer que as forças da alma sejam postas em movimento, permitindo abandonar um estágio evolutivo para ascender a outro.

Jesus frequentemente incentivava esse movimento com a frase: "Vai e não peques mais..."

O Caminho da Transformação

A porta, simbolicamente usada na lição, possui uma característica peculiar: é estreita. Para atravessá-la, é necessário percorrer o caminho do sacrifício.

O caminho da transformação moral é estreito e requer sacrifícios, o que faz com que poucos sejam capazes de percorrê-lo. Isso ocorre porque o processo de transformação moral exige a constante disciplina, a renúncia e o desapego.

Para os espíritos que estão acomodados em suas atitudes, a tarefa da reforma íntima parece pesarosa. No entanto, para aqueles que têm boa vontade, esse caminho se torna um roteiro de vida.

As Duas Portas: Escolhas e Consequências

A Terra é um planeta de provas e expiações, e, por isso, oferece aos seus habitantes inúmeras portas largas, que acessam o mundo exterior das ilusões e das seduções, verdadeiras possibilidades de se adensar as próprias imperfeições morais, como o orgulho, vaidade, egoísmo, viciações, hábitos equivocados etc.

A porta estreita, por outro lado, leva ao caminho da plenitude.

O Papel da Oração e da Vigilância

No entanto, para atravessá-la, é essencial possuir a disposição de olhar para dentro de si mesmo, mantendo a prática constante da oração e da vigilância.

O hábito contínuo da oração eleva o nível de vibração espiritual e estabelece uma conexão com esferas mais elevadas, das quais emanam as melhores inspirações para exercer o livre-arbítrio. Além disso, essa prática expande a visão interior, permitindo que o indivíduo identifique as dificuldades internas que carrega na alma.

Além da oração, é fundamental exercer a vigilância sobre os pensamentos, palavras e sentimentos, uma vez que o que é expresso por meio das palavras, emoções e sentimentos oferece uma melhor compreensão de si mesmo.

O Caminho do Autoconhecimento

A oração e a vigilância são caminhos que facilitam o processo de autoconhecimento. Sem esse autoconhecimento, a pessoa tende a agir sob a influência de sua natureza inferior, suas sombras e conteúdos psíquicos mais densos. A partir disso, a passagem pela porta larga se torna uma questão de oportunidade.

O percurso do autoconhecimento, apesar de desafiador, é o único capaz de guiar o ser humano em direção à felicidade e à perfeição espiritual. Sem a dedicação à renúncia, à superação do interesse pessoal e ao desapego, que são parte integrante do processo do autoconhecimento, é inviável atravessar a porta que, embora estreita, conduz a um novo horizonte - o horizonte da liberdade.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

ENDIREITAI OS CAMINHO

O apóstolo João, nas primeiras linhas de seu Evangelho, faz referência a outro João, o Batista. João Batista, precursor de Jesus, assumiu a tarefa de anunciar a vinda do Cristo ao mundo e, consequentemente, a chegada de uma nova era: a era Cristã. 

A vinda de Jesus ao mundo foi um acontecimento transcendental e revolucionário, sobretudo do ponto de vista dos sentimentos, pois nunca mais o mundo foi o mesmo. Tanto é assim que a história humana se dividiu entre antes e depois dele.

Por isso, João Batista, na tarefa que lhe foi confiada por Deus e tocado pelas claridades da Nova Era que já se fazia sentir, conclamava as multidões para o exercício da transformação moral. Utilizava a frase que ficou imortalizada nas páginas do Evangelho: "Endireitai os caminhos". 

O convite de João Batista se fazia urgente. A vinda do Cristo ao mundo pedia renovação. Era preciso lapidar os sentimentos e desintoxicar hábitos doentes, gerados pelas larvas mentais nascidas de pensamentos desarmonizados. Era necessário preparar o solo do coração, pois o agricultor divino iria iniciar seu trabalho. 

Então, João Batista era a voz que clamava no deserto das consciências, propondo a renovação da paisagem íntima, tal como ocorre na natureza com as flores que deixam suas folhas envelhecidas no outono para florescerem radiosas na primavera. Jesus, com sua mensagem de amor incondicional, trouxe a primavera. 

Deixou para o mundo um roteiro de felicidade e os instrumentos luminosos para a edificação de um templo de paz e amor na intimidade dos corações. Trata-se de um trabalho individual e desafiador a todos os espíritos na atual encarnação. 

Vive-se, atualmente, na Terra, um período de grande turbulência moral. Nunca foi tão necessária a reforma íntima. O mundo está sedento de paz e amor, que só poderão existir à medida que brotarem nos corações humanos. O mundo é o reflexo de cada criatura nele encarnada, conforme ensina Emmanuel no livro "Pensamento e Vida". Para que o mundo seja melhor, impõe-se o aprimoramento de cada criatura que nele habita. 

Emmanuel, no livro Caminho, Verdade e Vida, esclarece: 

"Para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é preciso retificar a estrada em que tem vivido. Muitos choram em veredas do crime, lamentam-se nos resvaladouros do erro sistemático, invocam o céu sem o desapego às paixões avassaladoras do campo material. Em tais condições, não é justo dirigir-se a alma ao Salvador, que aceitou a humilhação e a cruz sem queixas de qualquer natureza. Se queres que Jesus venha santificar as tuas atividades, endireita os caminhos da existência, regenera os teus impulsos. Desfaze as sombras que te rodeiam e senti-Lo-ás, ao teu lado, com a sua bênção". 

Ao utilizar o termo "desfazer as sombras", Emmanuel refere-se ao processo de autoconhecimento, uma tarefa árdua que exige disciplina constante, vontade firme e ânimo forte. É uma missão para várias existências, uma vez que não se consegue facilmente se libertar das sombras acumuladas ao longo dos séculos. Todavia, ainda que o primeiro passo não conduza o ser, de imediato, ao destino desejado, é suficiente para afastá-lo do ponto de partida.


terça-feira, 27 de junho de 2017

A PARÁBOLA DO TESOURO ESCONDIDO E DA PÉROLA DE GRANDE VALOR



O Reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, torna a esconder, e, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo" Mateus 13:44. O reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a." Mateus 13:45-46.


 As parábolas apontam duas situações. Na primeira, um homem encontra um tesouro por acaso, pois não o procurava. Feliz com o achado, resolve vender tudo o que tem para adquirir aquele campo e, consequentemente, apossar-se do tesouro. 

Na segunda situação, o homem, um negociante de pérolas, está à procura de uma pérola de grande valor e, ao encontrá-la, vende tudo o que possui para adquiri-la. 

Jesus compara o Reino de Deus a um tesouro de valor incalculável, de modo que todos os outros interesses e prioridades escolhidas para a vida perdem completamente o significado diante do brilho desse tesouro. 

Alguns vivem uma experiência semelhante à do primeiro homem, que encontra o tesouro sem estar à procura dele; mas, ao encontrá-lo, transforma-se e dá um novo rumo à sua própria existência. 

É exatamente assim que acontece o despertar da consciência para a conquista dos valores espirituais. Muitos permanecem no mundo com todas as atenções voltadas exclusivamente para atender às necessidades da vida material, até que uma experiência libertadora lhes toque, despertando-os da anestesiante ilusão com que enfrentavam o mundo e apontando-lhes outro rumo. 

Foi assim com o filho pródigo de outra parábola contada por Jesus (Lucas 15:11-32). O moço desperdiçou bens materiais e a própria saúde para se saciar em atividades mundanas inferiores. Sem conseguir a satisfação que buscava, em um determinado momento de sua vida, ele "cai em si" e, ao fazer isso, passa a mobilizar todas as forças de sua alma para retornar à casa do Pai. 

Saulo de Tarso também vivenciou uma experiência libertadora. Sendo a esperança do farisaísmo, jovem, belo, atleta e poliglota, ele viveu uma experiência cósmica com o Cristo às portas de Damasco. Despertando das trevas exteriores e como alguém que encontra um tesouro sem o estar procurando, ele se transforma no Apóstolo Paulo, o "convertido de Damasco", alterando completamente o rumo de sua vida e abandonando tudo o que tinha para investir no tesouro encontrado. 

Foi assim também com Francisco Bernadone, que, ao despertar para os valores da vida espiritual e encontrar o tesouro que não buscava, deixou tudo para ir em busca dessa riqueza interior, transformando-se no Pobrezinho de Assis.

 O mesmo ocorreu com Maria de Magdala, Zaqueu e muitos outros heróis conhecidos, bem como inúmeros anônimos que, todos os dias e sem estar à procura, encontram seu tesouro escondido e dão um novo rumo à própria vida, felizes por terem despertado para os verdadeiros valores da existência. 

Na segunda situação apresentada na parábola, o homem está ciente da existência de uma pérola de grande valor e a busca ativamente até encontrá-la.

Assim como muitos de nós que já conhecemos o valor do Evangelho do Cristo, mas ainda resistimos a vivencia-lo. 

A proposta expressa na parábola é clara. Para cultivar virtudes e sentimentos nobres na intimidade do coração, é necessária uma tomada de atitude que implique em deixar de lado tudo o que até então era valorizado, direcionando as energias psíquicas para o aprimoramento moral. 

Cada um sabe o que valoriza na vida e para qual direção suas atenções se voltam. Se você não sabe, basta se autoobservar por um dia e logo notará que as forças da alm são mobilizadas para atender a caprichos, ociosidades, futilidades, vaidades, animosidades, feridas emocionais, orgulho, desejo de vingança, e vícios físicos e mentais, entre outros. A proposta da parábola é abandonar todas essas "riquezas" superficiais para cultivar o verdadeiro tesouro que reside dentro de nós. 

O cultivo do tesouro interno passa pela reforma íntima. A questão 919 do Livro dos Espíritos, neste sentido, é esclarecedora, apontando o autoconhecimento como medida prática para se conquistar a paz íntima. 

Jesus fez o convite e a doutrina espírita apontou um caminho, mas somente o esforço pessoal poderá operar a edificação moral, legítima e definitiva em cada um. 

Portanto, "esqueçamos o desperdício de energia, os caprichos da infância espiritual e cresçamos para ser, com o Pai, os tutores de nós mesmos". (Emmanuel, Vinha de Luz)


domingo, 22 de janeiro de 2017

LEGIÃO, PORQUE SOMOS MUITOS!

O Homem de Gadarenos: Uma Lição Espiritual

O Encontro com Jesus

Jesus passava pela região dos gadarenos quando um homem emergiu das sepulturas e correu ao Seu encontro assim que O avistou. Esse não era um homem comum; há muito tempo estava possuído por demônios. De aparência desgrenhada, parcialmente despido, com olhos vitrificados e alimentando-se de restos, ele habitava o local destinado às sepulturas.

Ao ver Jesus, o homem correu e prostrou-se diante da Luz do Mundo, exclamando: "Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço que não me atormentes." Jesus perguntou: "Qual é o teu nome?" Ele respondeu: "Legião é o meu nome, pois somos muitos."

Naquele momento, uma manada de porcos passava por ali. O homem implorou a Jesus que não os expulsasse da província. Os demônios rogaram: "Envia-nos para os porcos, para que entremos neles." Jesus consentiu, e os espíritos imundos entraram nos porcos. A manada se precipitou por um despenhadeiro no mar e se afogou.

O Significado Espiritual da Narrativa

O texto conduz a lições profundas que vão além da narrativa aparente. Literalmente, a história fala de um homem vítima de obsessão espiritual. No entanto, ao encontrar Jesus, a personificação do amor, ele corre ao Seu encontro, suplicando que o deixe em paz, pois seu tempo ainda não havia chegado (Mt 8:29).

O diálogo se estabelece com a legião de espíritos que sugavam as energias vitais do homem (Mc 5:9-13). Eles pedem a Jesus que lhes permita entrar nos porcos que passavam por ali, e o Mestre concede. Consumada a transferência, a manada se atira penhasco abaixo e se afoga no mar.

Reflexão e Autoconhecimento

O texto nos convida a um autoexame. Questiona o cultivo de "sepulcros" internos, onde abrigamos paixões, pensamentos e emoções infelizes. O autoconhecimento é uma recomendação constante nas mensagens de Jesus. Contudo, muitos, ocupados com as trivialidades do mundo, negligenciam essa prática. E quando a morte chega, surpreendem-se ao perceber que sua mente foi um depósito de cadáveres emocionais, alimentando longos processos de auto-obsessão.

Emmanuel, no livro "Pão Nosso", capítulo 32, reflete sobre o tema: "Luta contra os cadáveres de qualquer natureza que se abriguem em teu mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, pois, enquanto fores ataúde de coisas mortas, serás seguido, de perto, pelas águias da destruição."

Consciência e Evolução Espiritual

É preciso questionar quem está no comando de nossas ações, pensamentos e desejos. Estamos sendo guiados por nossa consciência divina ou pelas nossas imperfeições morais e vícios? Essas imperfeições consomem as energias sutis da alma e estabelecem conexões com mentes que vibram na mesma frequência, levando a processos obsessivos difíceis de romper.

Por outro lado, é crucial refletir que, embora o ser humano encarnado necessite da matéria para sua evolução, o culto ao material e ao impermanente cria amarras que o aprisionam. Isso o situa em uma faixa vibratória tão densa que sua condição se assemelha à do homem obsidiado de Gadareno. Nada conseguia libertá-lo dessa situação, pois todas as tentativas de removê-lo dali foram em vão; ele estava profundamente atado às suas próprias trevas. Ele só se libertou quando a legião de espíritos que o atormentava foi transferida para uma manada de porcos. A imagem da manada de porcos se atirando do penhasco simboliza as múltiplas reencarnações do espírito, necessárias para a superação das imperfeições morais.

O Desafio Contemporâneo

O Evangelho de Jesus é o maior tesouro enviado pelo Pai para despertar as almas do sono profundo da ignorância. No entanto, dois mil anos se passaram, e a humanidade ainda exibe os mesmos defeitos: orgulho, egoísmo, vaidade, impaciência e ignorância diante dos desafios da vida.

Quando procrastinamos a mudança de um comportamento reconhecidamente errôneo, a voz do homem de Gadareno ressoa em nosso íntimo: "Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?"

Conclusão e Chamado à Ação

O momento para a mudança é agora, não amanhã. Jesus desafia as consciências daqueles que já são capazes de entender Seu Evangelho, mas relutam em viver de acordo com Seus ensinamentos. Eles preferem permanecer, como o homem de Gadareno, nos sepulcros de suas imperfeições, vivendo com uma legião de vícios e fraquezas morais.

Lembremos do apóstolo Paulo que nos convida a despertar.

"Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará" (Efésios 5:14)