domingo, 22 de abril de 2018
PARÁBOLA DO GRANDE BANQUETE
segunda-feira, 12 de março de 2018
PARÁBOLA DOS DOIS ALICERCES
Todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica, será comparado ao homem prudente, que edificou sua casa, cavou fundo, aprofundou e colocou os alicerces sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos, precipitaram-se contra aquela casa, mas não desabou pois fora edificada sobre a rocha. Mas o que ouve as minhas palavras e não pratica será comparado ao homem tolo, que edificou sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos, chocaram-se contra aquela casa; desabou, e foi grande a sua queda. Mateus 7:24-27 e Lucas 6:46-49.
A parábola dos dois alicerces, com as luzes que lhe são projetadas pela revelação espírita, permite-nos compreender que Jesus falava sobre dois padrões mentais, dois níveis de consciência.
No primeiro nível, representado pelo homem prudente (lúcido e desperto), temos a imagem do ser que faz o movimento para dentro de si (autoconhecimento). O homem aprende as lições de Jesus e as incorpora em seu comportamento, ou seja, ele vivencia as experiências da vida de acordo com o que aprendeu com o Cristo. Ele é consciente, tanto do ponto de vista psicológico quanto espiritual, de que sua felicidade não reside em atender às demandas do ego. Ele compreende que as lições do Mestre constituem um roteiro seguro para a conquista da saúde, da paz, da plenitude espiritual e da felicidade. Por isso, ele coloca em prática aquilo que aprende.
No segundo nível de consciência, representado pelo homem tolo, observamos a imagem de alguém que se direciona para o exterior, para o mundo ao seu redor. Assim, ele absorve os ensinamentos de Jesus, mas não consegue vivenciá-los. Isso acontece porque a criatura humana que ainda não despertou para a realidade superior da vida se dedica principalmente aos aspectos materiais e à satisfação das necessidades fisiológicas. Embora ele ouça os ensinamentos de Jesus, a imagem do Mestre continua sendo algo simbólico ou uma realidade distante de sua própria existência.
De forma concisa, podemos compreender que o primeiro homem prudente se concentra em seu mundo interior, enquanto o segundo homem está voltado para o mundo exterior. Um vive no reino de Deus, que está dentro, enquanto o outro vive no reino do mundo, que está fora. O primeiro encara as experiências da vida com clareza espiritual; o segundo ainda está adormecido do ponto de vista psicológico e espiritual. O primeiro escuta as lições de Jesus e prontamente se esforça para colocá-las em prática; o segundo ouve as lições, aprecia-as muito, as considera belíssimas, mas não as incorpora, pois não encontra a disposição interna para fazê-lo.
De acordo com a parábola, o primeiro padrão de consciência consegue enfrentar as provações e expiações que lhe são apresentadas. Ele aceita sua natureza espiritual imperfeita e é capaz de dominar os impulsos do ego. Por outro lado, o segundo padrão de consciência não consegue lidar com as provações mais desafiadoras, nem mesmo é capaz de aceitar sua própria imperfeição espiritual. Ele não consegue controlar os impulsos provenientes do inconsciente e, como resultado, ele sofre com doenças, vícios variados, depressão e, em situações extremas, pode até recorrer ao suicídio. A parábola enfatiza que a queda desse segundo padrão de consciência é significativa e dramática.
O evangelho de Jesus ilustra esses dois padrões mentais através das figuras de Judas e Pedro. Ambos conviveram com o Cristo e absorveram seus ensinamentos, mas quando confrontados com provações, ambos acabaram traindo o Mestre.
Judas, movido por ambições pessoais, o traiu por trinta moedas de prata, revelando uma falta de comprometimento com os princípios e ensinamentos recebidos. Sua traição representa a falha de um padrão de consciência que não conseguiu resistir às tentações mundanas. E, ao tomar consciência do grande erro praticado, não consegue suportar-se e acaba cometendo suicídio, pois sua casa estava edificada sobre a areia.
Por outro lado, Pedro, que nutria profunda lealdade e amor por Jesus, encontrou-se em um momento de fraqueza e negou conhecê-lo em três distintas ocasiões durante Sua prisão. Isso reflete um momento de fraqueza, onde Pedro cedeu ao medo e à pressão social, contrariando os princípios que havia aprendido com o Enviado.
No entanto, quando o galo canta pela terceira vez, Pedro percebe o equívoco cometido e empreende um movimento para reparar sua própria vida e reconstruí-la, tornando-se um dos maiores baluartes do cristianismo primitivo, porque sua casa estava edificada sobre a rocha.
Pedro movimentava-se para dentro, enquanto Judas voltava-se para o mundo exterior.
Ambos os casos destacam a dualidade da natureza humana, onde a capacidade de viver de acordo com os ensinamentos espirituais pode ser desafiada pelas fraquezas e tentações do mundo material. É um lembrete de que até mesmo aqueles que aprenderam diretamente com Jesus não estavam imunes às lutas internas entre os padrões de consciência.
Para identificarmos em que nível de consciência nos encontramos nesta encarnação atual, basta refletirmos sobre a frase proferida por Jesus: "Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
E onde está o nosso tesouro? Ou seja, quais os aspectos da vida nos chamam mais atenção? Com o que nos ocupamos e nos preocupamos? Que tipo de pensamentos temos alimentado e nutrido?
As respostas a essas perguntas informam como estamos gastando a nossa energia psíquica e isso determina o nosso nível de consciência, não do ponto de vista fisiológico, mas sim do ponto de vista espiritual. No entanto, se as nossas reflexões indicarem que estamos seguindo o mesmo padrão mental do homem tolo, é importante considerar os esforços que podemos fazer com Jesus para alcançar o padrão mental que já vislumbramos e desejamos atingir.
E, para isso, a doutrina espírita vem ao nosso socorro para nos ensinar como proceder. A questão 919, do Livro dos Espíritos, nos indica o caminho: "Conhece-te a ti mesmo." O Espírito Santo Agostinho nos orienta sobre como percorrer essa trajetória indicada.
Construir a casa sobre a rocha, vivenciando os ensinamentos de Jesus, é uma tarefa que ocorre no mundo íntimo. Contudo, a edificação dessa estrutura no campo dos sentimentos requer um esforço árduo e contínuo de autoconhecimento.
Isso possibilita que o indivíduo reduza as demandas do ego e, aos poucos, as supere, abrindo espaço para a manifestação do Eu interior (Self).
É o homem velho dando lugar ao homem novo. Não se trata de uma batalha interna, mas sim de iluminar as sombras internas, conforme o convite de Francisco de Assis: "Onde houver trevas, que eu leve a luz.”
Este é o propósito do autoconhecimento: iluminar nossa mente interior para que, ao sermos iluminados pelo conhecimento e pela vivência dos ensinamentos do evangelho de Jesus, possamos percorrer nosso caminho sem tropeços.
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
O CASAMENTO À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
A vida na Terra se assemelha a uma viagem, cuja duração varia de pessoa para pessoa. Esta viagem é baseada em compromissos e tem como objetivo principal a conquista de virtudes.
O casamento, com a consequente formação de um lar, quando programado no mundo espiritual, é talvez o item mais importante dessa viagem, pois envolve a vida dos cônjuges e dos filhos.
Conclui-se, assim, que se João veio para se casar com Maria, irão se encontrar no momento exato, independentemente da nacionalidade, raça, cultura ou posição socioeconômica que tenham. A programação inclui também o número de filhos, legítimos ou adotivos, e o casal pode, usando o livre-arbítrio, diminuir ou aumentar esse número.
Nos livros 'Nosso Lar' e 'Vida e Sexo', ambos psicografados por Chico Xavier, há informações a respeito dos variados tipos de casamento que ocorrem no mundo, como casamentos acidentais, provacionais, sacrificiais, afins e transcendentais.
Os casamentos acidentais não foram planejados na vida espiritual. São motivados por interesses imediatistas, como atração física, fuga do lar, interesse material, vaidade e outros interesses materialistas. Esses casamentos, por não se sustentarem em bases morais e éticas, nunca são venturosos e facilmente se dissolvem.
Os casamentos provacionais são programados pela espiritualidade e são verdadeiros reencontros de almas para os reajustamentos necessários à evolução delas. É por essa razão que há tantos lares onde reina a desarmonia, onde impera a desconfiança, e onde os conflitos morais se transformam, tantas vezes, em dolorosas tragédias.
Deus permite a união desses espíritos, inimigos do passado, para que possam, pelo convívio diário, dissolver o ódio que marcou a relação deles no passado, abrindo assim espaços emocionais para o amor e o perdão.
Embora provacional, trata-se de uma união planejada no mundo espiritual, e por isso, os espíritos superiores contribuem para que os cônjuges se encontrem e se apaixonem um pelo outro. Com o passar do tempo, após o casamento, o encantamento inicial se fragiliza diante das lembranças inconscientes do passado que vão aflorando. Surgem, então, as dificuldades de relacionamento na vida conjugal.
Os casamentos sacrificiais, também programados no plano maior, são uniões de sacrifício para um dos cônjuges, que é muito mais evoluído em relação ao outro. Deus permite, neste caso, o reencontro de um espírito iluminado com um espírito inferiorizado. Acontece quando um espírito mais evoluído se propõe a ajudar aquele outro que se atrasou na jornada evolutiva. Quem ama não consegue ser feliz deixando na retaguarda, torturado e sofredor, alguém de sua afeição. Reencarna apenas para receber o retardatário como cônjuge, estimulando-o com seu carinho e sua luz a seguir o caminho do bem.
Os casamentos transcendentais consistem na união de dois espíritos evoluídos para realizarem, em conjunto, uma tarefa em favor da coletividade. São espíritos afins que se unem no mundo para o desempenho de tarefas especiais em favor do próximo.
Sendo a Terra um planeta de provas e expiações, a grande maioria dos consórcios realizados são provacionais; os cônjuges têm ligações de vidas passadas e se encontram em processo de reajustamento. A Espiritualidade os une, através das leis do mundo, para que possam, pelo convívio diário, transformar a animosidade de ontem em laços de fraternidade e amor.
A prova disso é a desarmonia, os desentendimentos e os problemas morais, que terminam, às vezes, lamentavelmente, em agressões físicas. Nesses lares estão reunidos os mais variados tipos evolutivos para o reajuste, através da tolerância, paciência e o perdão das ofensas. Pois é na oficina do lar que haveremos de compreender e pôr em prática as lições de Jesus sobre o amor incondicional, a caridade e o perdão.
Por isso, o casamento é uma experiência muito rica, pois é no laboratório do lar que encontraremos a abençoada oportunidade de fazer das imperfeições do cônjuge o necessário buril para lapidar o nosso espírito desajustado, nos preparando assim para os grandes testemunhos que a vida nos cobrará para que possamos evoluir.
Ninguém se casa para sofrer. Via de regra, as pessoas se casam porque se amam e querem seguir juntas na vida. Ninguém se casa pensando na separação. Mas para o êxito desse compromisso, é imprescindível que a tolerância reine nos corações dos cônjuges. Eles precisam compreender, principalmente, que o ser amado, longe de ser a 'metade' do outro, possui uma individualidade própria que deve ser respeitada para que o casamento atinja seu objetivo.
Respeitar a individualidade do outro é um dos ingredientes imprescindíveis para um casamento harmonioso.
Divaldo Franco, no livro 'Sexo e Obsessão', conta uma história para ilustrar essa necessidade de os cônjuges respeitarem a individualidade um do outro quando se busca a plenitude conjugal.
Conta-nos, então, uma lenda que diz o seguinte:
Um jovem casal indígena, que se amava profundamente e desejava contrair núpcias, apresentou-se ao pajé da tribo para receber suas sábias orientações. Estavam radiantes e felizes, e prometiam nunca se separar. Desejavam fundir-se em um só ser.
O sacerdote da tribo concordou em orientá-los; entretanto, solicitou que os jovens executassem uma tarefa antes do casamento. Ao jovem índio foi pedido que trouxesse uma bela águia, e à sua companheira, que encontrasse um falcão. Não seria uma tarefa difícil para eles, pois faziam parte de uma tribo dedicada à criação de aves de rapina, e os índios eram treinados desde criança para esse mister. Saíram e, passados alguns dias, trouxeram as aves, radiantes pelo sucesso da tarefa.
O pajé, com um sorriso enigmático, olhou para eles e perguntou: 'Querem ser felizes para sempre? Querem viver juntos sem jamais se separarem? Então observem.'
Tomou a águia e amarrou uma de suas patas à pata do falcão, ligando assim uma ave à outra. Logo depois, soltou-as para que pudessem voar. Cada uma delas, no entanto, queria tomar um rumo diferente; cada uma queria seguir para uma determinada faixa do céu. As tentativas de voar livremente foram se sucedendo, e quando perceberam que não conseguiriam o intento, começaram a se bicar, ferindo-se mutuamente. O curandeiro libertou-as rapidamente para que não se destruíssem, e as aves, então, sentindo-se livres, voaram felizes, buscando o azul do infinito.
Assim é o casamento. Ele só será harmonioso se os cônjuges forem livres para exercitar suas potencialidades, sem amarras, sem grilhões e sem que um tenha que impor ao outro sua forma de pensar, agir ou sentir. Somente respeitando a individualidade um do outro será possível chegar ao final da jornada com a tarefa cumprida perante as leis divinas.