domingo, 22 de abril de 2018
PARÁBOLA DO GRANDE BANQUETE
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
A ÚLTIMA CEIA
Antes de ser preso e crucificado, Jesus reuniu-se pela última vez com seus discípulos. Esse evento é relatado pelos quatro evangelhos e pela primeira Epístola aos Coríntios. A última ceia ocorreu após a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e foi seguida por sua traição, prisão, julgamento e crucificação. Entre os hebreus, a ceia era considerada um momento significativo, pois não se compartilhava apenas a refeição, mas também a intimidade, a fraternidade, a união, o amor e o verdadeiro relacionamento espiritual. É por essa razão que a parábola sobre a regeneração do mundo tem como cenário uma refeição solene, o banquete de casamento.
Consciente das horas que se aproximavam e sabendo que seu tempo no mundo estava chegando ao fim, Jesus ansiava pelo último encontro com seus discípulos. Conforme a narrativa de Lucas 22:14-20, Ele disse: 'Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento.' Este encontro não era simplesmente uma ceia de despedida, mas um momento especial que Cristo reservou para tocar os corações de seus discípulos. O objetivo era despertar neles a compreensão para o desfecho inesperado de sua missão na Terra. Isso porque todos os discípulos estavam confiantes de que a vitória de Jesus seria uma vitória mundana, e não espiritual.
No livro 'Boa Nova', psicografado por Chico Xavier e atribuído ao espírito Humberto de Campos, é contado que, no primeiro dia das festas da Páscoa, Jesus e seus discípulos se reuniram como de costume. Na ocasião, o Mestre partiu o pão com a ternura habitual. Durante a refeição, Jesus anunciou que seria traído por um de seus discípulos e, conforme descrito em João 13:26, entregou a Judas um pedaço do pão, perdoando-o antecipadamente. Assim, antes mesmo de ser ofendido, Ele concedeu perdão ao ofensor.
No capítulo 24 do livro 'Boa Nova', Humberto de Campos aborda a traição de Judas, afirmando que ele, de fato, amava Jesus. Segundo o autor, o objetivo de Judas era acelerar a instauração do Reino de Deus na Terra. Ele acreditava que esse Reino, frequentemente mencionado por Cristo, seria um reino terreno onde Jesus reinaria como um general. No entanto, Judas considerava Jesus demasiado humilde para confrontar os poderosos da época. Por isso, ele tentou antecipar a chegada do Reino. Em sua visão, a ele caberia assumir as rédeas do poder, enquanto Jesus teria a missão de iluminar os corações das pessoas.
Acreditava Judas que Jesus não ficaria preso por muito tempo, pois aquele homem, que multiplicava pães, curava cegos e leprosos e ressuscitava mortos, se livraria facilmente das amarras do Sinédrio. No entanto, o plano deu errado, e Judas tornou-se uma marionete nas mãos da sombra.
Depois de anunciar que seria traído, Jesus afirmou que ainda assim haveria uma vitória e que o Reino de Deus seria implantado na Terra.
Nesse momento, diante do anúncio do Reino que seria implantado, os apóstolos imediatamente se esqueceram do tema da traição e passaram a discutir quem entre eles seria o maior quando o Reino de Deus fosse implantado na Terra. Então, Jesus, diante daquela discussão, levantou-se, tirou a túnica, envolveu o quadril com um pano e vestiu-se como um escravo da época.
Os apóstolos ficaram perplexos, pois o Mestre, horas antes, entrara triunfante em Jerusalém. Instantes atrás, partira o pão como um patriarca; como poderia agora se comportar como um escravo? Mas Jesus estava disposto a deixá-los ainda mais perplexos. Vestido como um escravo, ele pegou uma vasilha de água e começou a lavar os pés dos apóstolos, especialmente dos que estavam discutindo qual deles seria o maior, o mais importante.
Os discípulos começaram a protestar diante daquele ato de suprema humildade. Então, Jesus asseverou: Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, vos lavo os pés, deveis igualmente lavar os pés uns dos outros no caminho da vida, porque no Reino do Bem e da Verdade o maior será sempre aquele que se fizer sinceramente o menor de todos.
Eis a preciosa lição: quem serve mais é o mais importante, é o maior. Essa é uma lei universal. No universo, quem mais serve é Deus. Servir é uma honra; ser servido é um agrado, um presente. Importante é quem serve.
Terminada a lição e retomando seu lugar à mesa, o Mestre sentenciou: Aproxima-se a hora do meu derradeiro testemunho! Sei, por antecipação, que todos vós estareis dispersados nesse instante supremo. É natural, porquanto ainda não estais preparados senão para aprender. Antes, porém, que eu parta, quero deixar-vos um novo mandamento, o de amar-vos uns aos outros como eu vos tenho amado; que sejais conhecidos como meus discípulos, não pela superioridade no mundo, pela demonstração de poderes espirituais, ou pelas vestes que envergueis na vida, mas pela revelação do amor com que vos amo, pela humildade que deverá ornar as vossas almas, pela boa disposição no sacrifício próprio.
O Mestre deixa um novo mandamento: amar uns aos outros como Ele nos ama, um mandamento que ultrapassa o de amar uns aos outros como a si mesmo.
Jesus termina aquela ceia dizendo a todos que uma das maiores virtudes do discípulo do evangelho é estar sempre pronto ao chamado da providência divina, não importando onde e como seja o testemunho.
O essencial é revelar a união com Deus em todas as circunstâncias, seja nas horas de tranquilidade ou nas horas de sofrimento, porque, se os desígnios de Deus são insondáveis, são também invariavelmente justos e sábios.