A Emoção do Natal em Dezembro
Todos nós no mês de dezembro somos tomados por uma incontida alegria, uma emoção singular que toca nossos corações. Para aqueles que, como nós, associamos o Natal a dezembro, mesmo em meio às adversidades encontradas pelo caminho, não podemos deixar de nos emocionar com esta data.
Pouco importa que seja uma data convencionada, que não corresponda verdadeiramente ao nascimento do homem de Nazaré. Sabemos que foi no longínquo século IV que o notável imperador romano Constantino, o Grande (também conhecido como Constantino Magno), ao decidir enfrentar as tropas do general Maxêncio na Ponte Mílvia, provocaria profundas transformações no movimento cristão.
A Visão de Constantino
Naquele momento decisivo, Constantino, ansioso e preocupado, conduzia suas tropas, imaginando o que o confronto com Maxêncio lhe reservaria. Contam as tradições que, naquele meio-dia que precedia o início da batalha, ao contemplar os céus azuis de Roma, ele teria visto uma cruz luminosa, tão intensamente brilhante que teria ofuscado o próprio sol. Mais extraordinário ainda era que, sob a base dessa cruz, havia uma inscrição em latim: 'In hoc signo vinces' - 'Com este sinal vencerás'.
A Transformação do Cristianismo
Constantino, tomado de inspiração, respirou profundamente o ar da tarde e avançou contra seu adversário, conquistando a vitória sobre o general Maxêncio. Com a anexação de numerosas propriedades e maior poder a Roma, passou a creditar seu triunfo ao homem de Nazaré, pois naquela época o símbolo dos cristãos já não era mais o Ichthys (o peixe), mas sim a cruz.
A partir de então, Constantino começou a proclamar que sua vitória se devia a Jesus. Sua mãe, Helena, incumbiu-se da missão de percorrer todas as terras sob domínio romano, ordenando aos generais que difundissem o nome de Jesus e construíssem igrejas em várias regiões do império, inclusive em Israel, na antiga Palestina, onde até hoje se encontram as construções católico-romanas.
A Criação da Imagem de Cristo
O imperador Constantino elevou Jesus Cristo aos altares, transformando o mestre em mais uma divindade no panteão pagão romano. Como ninguém conhecia sua verdadeira aparência - afinal, pouca importância se dera ao filho de uma tecelã e um carpinteiro na Judeia - o imperador convocou os mais renomados artistas, escultores e artistas plásticos para que criassem a imagem que seria atribuída a Jesus. É por isso que até hoje o mestre é representado com traços europeus, embora fosse israelita, judeu.
A Escolha da Data do Natal
Por seus feitos em prol do catolicismo e a construção de igrejas por todo o império, Helena foi posteriormente canonizada como Santa Helena. Entretanto, persistia o desafio de estabelecer uma data para celebrar o nascimento de Jesus, já que o povo desconhecia não apenas sua aparência, mas também a data precisa de seu nascimento.
A igreja reuniu seus líderes para escolher qual seria a festa mais significativa em Roma, aquela que congregasse o maior número de pessoas na capital imperial, para dedicá-la a Jesus de Nazaré. Escolheram a festa do solstício de inverno, que tem início oficial em 22 de dezembro na Europa. Nessa data, as festividades do império romano tradicionalmente homenageavam o deus Apolo (conhecido em Roma como Febo), considerado na mitologia greco-romana como a divindade responsável por conduzir o carro do sol pelos céus.
As Antigas Festividades Romanas
As homenagens ao deus solar eram especialmente importantes no início do inverno, quando se rogava que a estação não fosse muito rigorosa e que o sol logo retornasse a brilhar nos horizontes europeus. Durante as festividades, as donas de casa trocavam entre si presentes e iguarias de sua própria confecção: desde tecidos artesanais até pães caseiros e frutas secas, que eram preparadas para consumo durante o período em que não se encontravam frutas frescas.
A Celebração do Solstício
A festa do solstício, iniciada no dia 22, estendia-se por três dias até 25 de dezembro, com um fluxo crescente de pessoas chegando a Roma para as celebrações. No decorrer desses dias, o povo comia e bebia abundantemente, fazendo uso dos vomitórios e sanitários públicos de Roma para poder continuar os excessos. O ápice acontecia no dia 25, quando uma procissão carregava a estátua do deus Apolo em volta de seu templo. Ao redor do templo, tendas e barracas ofereciam comidas e bebidas à multidão durante os três dias de festa, transformando a celebração em um evento marcado por excessos.
Foi este dia, que reunia o maior número de pessoas em Roma, que a Igreja, em consonância com o império, decidiu estabelecer como data do nascimento de Cristo. Em 25 de dezembro, por decreto imperial, o povo foi compelido a aceitar Jesus. A partir de então, no lugar de Júpiter Capitolino, deveriam aclamar Jesus, o Nazareno, como a grande divindade protetora do império romano.
O catolicismo, assim instituído, tornar-se-ia posteriormente a religião oficial do Estado e do imperador romano. Dotada de amplos poderes e autonomia, suficientes para julgar e condenar reis e imperadores, a igreja cristã primitiva - antes perseguida - transformou-se na grande perseguidora, agindo em nome de Jesus.
O Verdadeiro Significado do Natal Hoje
25 de dezembro. O mundo se curva para homenagear o Celeste Nascituro. É natural pensarmos que aqueles que não conhecem a Jesus continuam se reunindo, como os velhos romanos, para homenagear seus deuses pagãos: o dinheiro, o poder econômico, o poder político, o poder mundano.
Contudo, para nós, essa data artificial representa apenas uma singela lembrança da vinda do Mestre ao mundo. Celebraremos a festa conscientes de que Jesus pode nascer em nós não apenas em 25 de dezembro, mas em qualquer momento de nossas vidas, em qualquer dia, em qualquer horário.
O Espírito Natalino
É Natal - o momento sagrado em que nossas famílias se reúnem sob o manto celestial do nome de Cristo. À mesa da ceia, nutrimos não apenas nossos corpos com alimentos, mas também nossas almas com sorrisos e abraços, trocando presentes que simbolizam o maior presente já concedido à humanidade: aquele que nasceu em uma humilde manjedoura e se tornou o farol que ilumina nossos caminhos.
Quando os sinos do Natal ressoam pela noite sagrada, seus ecos atravessam as paredes invisíveis que por vezes construímos em nossos corações. Como a gruta de Belém, que em sua simplicidade abrigou a maior das grandezas, que nossos corações se abram para receber novamente o Senhor, transformando cada batida em notas de uma sinfonia celestial de felicidade, a mais bela melodia que o amor pode criar.
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