sábado, 29 de dezembro de 2018

TRANSIÇÃO PLANETÁRIA



Vivemos atualmente os primeiros dias do terceiro milênio no nosso planeta, assim como o fenômeno da grande transição, conforme enunciado por Jesus no discurso escatológico, registrado pelos evangelistas Marcos, Mateus e Lucas. 
A transição planetária sugere que o planeta está deixando para trás milênios de provas e expiações, ingressando lentamente em uma nova era, em conformidade com a lei do progresso. Isso porque nada e ninguém escapa às leis divinas. 
O fenômeno transcorre marcado pelas características das duas etapas, onde os elementos de uma fase se misturam com os da outra. É por essa razão que o mundo vivencia extremos: presenciamos perversidades e crueldades sem precedentes, mas, simultaneamente, testemunhamos expressões de amor e fraternidade em uma intensidade nunca vista. 
Ao observarmos a natureza, a lei da transição se torna evidente em todos os seus fenômenos. O dia não cede espaço à noite sem a transição do crepúsculo. Da mesma forma, as estações do ano, o ciclo lunar e as fases da vida humana, do nascimento à velhice, são marcados por nítidos períodos de mudança. 
Sendo Deus o autor de todo o universo, todos os planetas estão também submetidos à lei do progresso. Assim, entre um ciclo planetário e outro, existe um período de transição, como o que atualmente vivenciamos na Terra. 
Esse tema é abordado no 'Evangelho Segundo o Espiritismo', capítulo 3, item 19: 
A Terra esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha, e atingirá, sob esse duplo aspecto, um grau mais elevado. Ela chegou a um dos seus períodos de transformação, em que, de mundo expiatório, tornar-se-á mundo regenerador. Os homens, então, serão felizes na Terra, porque nela reinará a lei de Deus. 
Allan Kardec, no livro Gênese, cap. 18, item 08, reproduz o relato do espírito Arago[1], 
"Quando se vos diz que a Humanidade chegou a um período de transformação e que a Terra tem que se elevar na hierarquia dos mundos, nada de místico vejais nessas palavras; vede, ao contrário, a execução da uma das grandes leis fatais do Universo, contra as quais se quebra toda a má vontade humana". 
Os Evangelhos de Marcos 13, Mateus 24 e Lucas 21 registram o discurso escatológico de Jesus. Nesses textos, os discípulos perguntam ao Mestre sobre como identificar os sinais do fim do mundo. Jesus, então, esclarece-lhes, apontando os sinais dos tempo. 
É importante destacar que as expressões bíblicas "fim do mundo", "consumação dos séculos" e "fins dos tempos" não indicam um final do mundo no sentido de uma destruição definitiva. Isso porque não existe um "fim" per se, mas um eterno ciclo de recomeços. O término de um ciclo ou de uma fase é simultâneo ao início do próximo. Caso contrário, não faria sentido Jesus prometer, em seu discurso sobre as bem-aventuranças, que os mansos herdarão a Terra. A promessa de que os mansos herdarão a Terra sugere que o planeta não será destruído. 
A Terra não será destruída; ao contrário, será renovada. Essa ideia é refletida em muitas das parábolas de Jesus, incluindo a parábola da rede, a do festim de noivas, a do joio e do trigo, e a dos trabalhadores da última hora, dentre outras. 
A Terra renovada servirá como refúgio para espíritos que buscam sua própria renovação moral. Enquanto isso, aqueles que ainda não se sintonizaram com essa nova realidade serão transferidos para outro planeta.
É exatamente isto que Jesus ensina na parábola da rede, que diz o seguinte:
O reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanha toda a qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia; e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora. Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus de entre os justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.
 Na parábola, alguns pontos se destacam para reflexão. O primeiro é a aferição de valores que ocorrerá no final dos tempos. Isso fica evidente quando a rede é lançada ao mar, recolhendo peixes de todas as espécies e quantidades, para somente depois proceder à sua separação. Essa mesma lógica é vista na parábola do joio e do trigo, onde ambos crescem juntos, sendo separados apenas posteriormente. 
A Terra pode ser comparada a uma rede lançada ao mar, que reuniu uma vasta quantidade de espíritos. Atualmente, somos pouco mais que 7 bilhões, todos aqui para trabalhar pelo nosso próprio aperfeiçoamento moral dentro de um prazo estabelecido por Deus. Esse momento chegou; é o tempo de avaliação de valores e de separação. 
O segundo ponto de destaque na parábola refere-se à separação entre os espíritos ruins dos justos. Esta diferenciação ocorre entre aqueles comprometidos com sua própria transformação moral e os que persistem no mal. Esta tarefa de separação é realizada por anjos, ou seja, espíritos puros que detêm as rédeas diretoras do planeta Terra.
Emmanuel, no livro a Caminho da Luz, esclarece que “na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma comunidade de Espíritos puros e eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias”. 
Emmanuel também afirma que, no distante passado, essa comunidade de espíritos puros se reuniu com o propósito de trazer à Terra os espíritos exilados do sistema Capela. Essa decisão ocorreu quando um dos orbes daquele sistema planetário estava passando por uma transição. 
As grandes comunidades espirituais, que dirigem o cosmos, decidiram, então, enviar aquelas entidades, persistentes no crime, para esta Terra distante. Aqui, através da dor e dos laboriosos desafios do ambiente, elas aprenderiam as nobres conquistas do coração, impulsionando, ao mesmo tempo, o avanço dos seus irmãos mais atrasados. 
Uma das principais características da transição planetária, como dito acima, é a aferição de valores entre os habitantes da Terra. Espíritos comprometidos com a própria renovação moral herdarão este planeta. Já aqueles que deliberadamente optam por persistir no erro e no mal serão encaminhados para renascer em um mundo onde possam coexistir com uma civilização de semelhantes. O exílio não representa punição, mas sim a manifestação de amor de um Pai infinitamente bondoso e misericordioso. 
O terceiro ponto que se destaca na parábola é a menção às expressões “fogo e ranger de dentes”. Elas são simbólicas, proferidas numa era em que a mentalidade limitada das pessoas não conseguia compreender o significado cósmico embutido nelas. 
Quando Jesus afirma que os anjos separarão os maus dos justos e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá pranto e ranger de dentes, Ele está se referindo simbolicamente ao destino dos espíritos persistentes no mal. Esses espíritos reencarnarão em um mundo habitado por muitos outros semelhantes a eles, todos teimosos em suas inclinações negativas. Em mundos de provas e expiações, assim como em mundos primitivos, o mal prevalece.
Naturalmente, em um planeta onde o mal predomina, o sofrimento e a dor são inevitáveis, tal como descrito por Jesus com as palavras "choro e ranger de dentes. A "fornalha de fogo" pode ser entendida como a consciência da culpa. Todo indivíduo que pratica atos de maldade e perversidade, mais cedo ou mais tarde, se vê consumido pelo remorso e pela culpa. E, mesmo que essa consciência cause dor e queime intensamente, ela também possui um poder purificador. Esse fogo interior, por um lado, causa sofrimento, mas por outro, conduz o ser a uma transformação, redirecionando o curso de sua vida rumo a Deus.

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